segunda-feira, 27 de junho de 2011

Desespero só piora a situação



     Encontrei recentemente um amigo de infância, que não via há anos. Ele me contou uma história incrível que aconteceu com sua pessoa, no início do ano, e que serve de lição a todos nós. Narrou-me que fora fazer trilha numa mata, sozinho e sem equipamento de segurança. Depois de andar por horas, confiante numa bússola, viu-se repentinamente perdido, sem perspectiva de voltar. Não trazia consigo nada além de um cantil e algum suprimento.

     Para piorar a situação, logo anoiteceu, e na escuridão, contou-me, a beleza da mata se transforma em sombras sinistras. O local em que estava perdido, lembrou-se imediatamente, era conhecidíssimo pela fama de abrigar muitos felinos e cobras. Como desgraça pouco é bobagem, ele não havia avisado ninguém da sua aventura. Simplesmente catou algumas tralhas e saiu por aí, numa demonstração absurda de amadorismo, da qual se arrependeria amargamente.

     Bem, o certo é que, ao se ver naquela situação extrema, seu primeiro impulso foi o desespero. Sentou-se na raiz duma árvore e chorou como uma criança, enquanto seus olhos perscrutavam a redondeza na esperança de vislumbrar algum vulto ameaçador. Havia entendido a besteira feita, colocara-se em risco imenso e agora estava prestes a sucumbir.

     Mas ele lembrou-se de mim, das lições otimistas que sempre lhe dei, das vezes que falei da presença duma Força Infinita em cada um de nós, e então decidiu que não morreria ali, que lutaria pela vida e venceria. Contou-me ele que sua primeira decisão foi acalmar a mente, respirar com tranquilidade e então mentalizar que teria uma conversa comigo, onde narraria estes fatos.

     Esse amigo me disse que, repentinamente, ouviu um galo cantar. Sim, um galo. Então foi na direção do som e deparou com um casebre. Não estava, afinal, num mato deserto, como seu medo lhe sussurrara inicialmente. Ao chegar à pequena habitação, foi recebido por um casal de velhinhos que o acolheu e no outro dia o levou até a cidade.

     Ao narrar-me esta história fascinante, ele concluiu que, se não tivesse se acalmado, o medo acabaria por matá-lo.

by Adriano César Curado

2 comentários:

  1. Sílvia Mascarenhas dos Santos27 de junho de 2011 às 16:23

    Minha nossa, cara, que história linda, capaz de nos dar uma lição de moral daquelas. Parabéns pela postagem.

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  2. Esse seu texto é muito lindo e completo. Meus parabéns.

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